sábado, 31 de janeiro de 2009

EVOLUÇÃO NATURAL OU CRIACIONISMO

O deslumbramento diante da natureza sempre provocou no homem uma indagação: quem, ou como tudo isso foi criado? (no segundo capitulo, sob a voz “o inicio do mundo” evidenciamos que a maioria dos povos primitivos respondeu a essa indagação de forma análoga e muito semelhante à que é descrita no livro Gênese).Com a “morte” das religiões pagãs comandada pela igreja de Roma através do Edito de Tessalonica - promulgado pelos imperadores Graziano e Teodosio em 380 d.C., e o conseqüente engrandecimento do cristianismo (somando-se aos cristãos os hebreus e os islâmicos), até meados do século XIX para essa mesma inquirição havia uma única resposta: de acordo com a bíblia - livro Gênese – todo o deslumbramento da natureza, inclusive o homem, foi criado por Deus.
Esta verdade prevaleceu até que em 1859, Darwin, superando sua perturbação porque estudara teologia para ser sacerdote, publicou o livro “A Origem das Espécies”. Mas, qual foi o motivo da perturbação que o levou a adiar por muitos anos a publicação da sua obra, mesmo se seu conteúdo, praticamente, havia sido a razão da sua vida? Simplesmente porque julgou que, por contrariar o que diz a bíblia a respeito da criação, estava separando Deus da ciência. Esta, ainda hoje considera Darwin o herói que conseguiu libertá-la dos laços que a retinha vinculada a Deus.
O golpe final na sua crença religiosa, segundo os biógrafos, foi à morte da sua filha mais velha, Annie, quando contava com dez anos de idade. Quando Darwin morreu, em 1882, dizia-se Agnóstico.
Darwin fora um grande cientista e homem religioso, pelo menos até a morte da filha. Porque, então, acreditou que suas comprovações arrancavam de Deus a responsabilidade da criação? Nos cinco anos que passara entre as tartarugas gigantes, aves e lagartos exóticos, teve sua atenção atraída pelo fato que muitas das espécies eram semelhante as que existiam no continente, mas apresentavam pequenas diferenças de uma ilha para outra. A explicação só podia ser uma: as primeiras espécies de animais chegaram às ilhas indo do continente. Depois, desenvolveram diferentes peculiaridades de acordo com as condições do ambiente de cada ilha. Ou seja, a evolução seguiu caminhos variados e este caminho foi determinado pelas características especificas de cada ilha.
O primeiro livro de Darwin afirmava ainda que todas as espécies teriam se originado de uma única forma básica de vida que existira há bilhões de anos “.
No seu livro seguinte, “A Origem do Homem”, publicado doze anos depois, ele teorizou que o ser humano era uma obra especial da natureza, não de Deus, e que tinha um ancestral que o ligava aos macacos.
As teorias de Darwin, abordadas no I capitulo sob o titulo “quem somos e de onde viemos”, aproveitando uma colocação do biólogo Niles Eldredge, curador da exposição “Darwin” e do departamento de paleontologia do Museu Americano de Historia Natural, há tempo deixaram de ser teorias, porque a paleontologia e depois dela a biologia molecular, se encarregaram de demonstrar que todos os seres viventes são descendentes de um único ancestral, e o antepassado do homem, como já vimos, é o Ramapithecus.

Ramapithecus

O Ramapithecus se transformou, assim, no ancestral comum a todos os hominídeos que o sucederam, e antecessor dos Australopithecus que eram considerados os progenitores da humanidade”. Sucessivamente, as evoluções dessa espécie foram chamadas: Homo erectus, homo habilis, homo sapiens, homo Neanderthal, Cro-Magnon e por fim a ultima forma do longo processo de humanização: o homo sapiens sapiens.”
Hoje, repetindo o que já foi dito, sabe-se que o homem moderno, por ser a evolução de um macaco, partilha com o chimpanzé – que é a espécie vivente que mais lhe está perto – mais de 98% do seu patrimônio genético. Portanto, o homem não foi moldado no barro como é descrito no livro Gênese... Então, este livro é um embuste?
Claro que não. O homem, já naquele longínquo passado, inconscientemente, no âmago do seu ser, sentia um fascínio que mesmo se não sabia explicá-lo, lhe dizia que era em algum lugar do Universo que se encontravam suas raízes. Sim, havia sido lá que Ele, com sua palavra sabia e compassiva, exortara aquelas almas desventuradas à edificação da consciência pelo comprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas. Destarte, quando por razões que somente os judeus do passado poderiam esplicar, acharam “um deus” que chamaram Jwhw... tudo o que ocorreu posteriormente foi só uma construção sobre a outra... porque até aquele momento os hebreus haviam sido um povo sem pátria e sem lar.

Retornando ao livro Gênese, a primeira parte é semelhante aos cenários que a imaginação das demais civilizações desenvolveram a respeito do inicio do mundo, e no que tange ao surgimento das plantas, dos animais, e até do próprio homem, a descrição é mais uma vez uma construção fantasiosa. Á pergunta que os sacerdotes devem ter feito a si mesmos antes de desenvolver seu tema: “de que forma Deus pode ter criado tudo”, análoga, com certeza, aos cenários que os cientistas contemporâneos elaboram para desenvolver suas teorias, obviamente foi respondida com as explicações simplistas que foram transcritas no livro Gênese.
Os cientistas contemporâneos, todavia, por se terem auto-divinizados, já não são mais simplistas, porque não perdem nenhuma oportunidade de se promoverem, e quando o fazem, a sua arrogância que não tem limites, se contradiz. Exemplos:

Vem ai o mundo dos homens e mulheres centenários. Se a expectativa de vida na Alemanha mantiver o crescimento atual, as meninas que nascem hoje naquele país viverão em media até os 100 anos.
A ONU estima que, nos Estados Unidos, uma em cada vinte pessoas que hoje tem cinqüenta anos viverá ainda meio século. No Brasil, existem cerca de 10.000 pessoas com mais de cem anos.
Diante dessa realidade, o sonho de que se possa viver muito alem dos cem anos se afigura cada vez mais possível. Mas não muito mais, pois há raros casos de pessoas que ultrapassam os 120 anos, idade que parece ser nosso limite natural. A questão que se coloca é: poderíamos transpor, com saúde, essa barreira biológica? Os cientistas americanos Robert Butler, do Centro Internacional de Longevidade de Nova York, Bruce Carnes, da Universidade de Chicago, e Jay Olshansky, da Universidade de Illinois, estudaram o assunto e concluíram que não. Para eles, se a evolução tivesse desenhado o corpo humano para durar um século ou mais com perfeição, nos teríamos uma aparência muito diferente da atual.
Butler, Bruce e Olshansky fizeram o exercício de imaginar como teria de ser o corpo de uma pessoa centenária e totalmente saudável, construído para a longevidade. O resultado é uma figura grotesca, que nem a mais avançada genética poderia conceber. Nós seriamos criaturas mais baixas, mais cabeçudas, mais orelhudas, encurvadas, de coxas e quadris mais largos. Tudo para evitar o desgaste natural causado pelo uso prolongado do corpo. Sem essas e outras mudanças, os idosos continuariam sofrendo com ossos frágeis, discos da coluna gastos, ligamentos destruídos, varizes, cataratas, perda de audição e hérnia. Uma das características estruturais mais importantes que precisariam ser modificadas é a coluna vertebral, que costuma apresentar os primeiros sinais de desgaste muito cedo. A postura correta do ser humano é uma adaptação de nossos ancestrais quadrúpedes.
Foi o que nos permitiu desenvolver a inteligência. Mas a coluna vertebral não evoluiu o suficiente para resistir ao peso de um corpo apoiado em apenas duas pernas. E isso trás sérios problemas físicos, como o desgaste dos discos entre as vértebras, que passa a pressionar as terminações nervosas da coluna, provocando dores insuportáveis.
O idoso de cem anos ideal imaginado por Butler, Carnes e Olshansky serve para mostrar que é mais importante prolongar a saúde do que perpetuar a vida. O envelhecimento está diretamente relacionado à função reprodutiva do ser humano. A natureza planejou homens e mulheres para se reproduzir e para viver tempo suficiente para criar seus filhos. O auge do bom funcionamento do corpo coincide com o período em que estamos mais aptos para reproduzir. Tanto homens como mulheres tem uma vida reprodutiva limitada. Com o tempo, as mulheres deixam de ovular e se reduz bastante a capacidade masculina de produzir espermatozóides. Quando acaba o auge da capacidade de reprodução, começa a decadência do corpo. Articulações, músculos e outros traços anatômicos que nos serviram tão bem durante a juventude começam a dar sinais de fraqueza. Certas doenças de caracter genético, cuja predisposição para aparecer é transmitida de geração para geração, como a doença de Alzheimer, só se manifestam em idades mais avançadas e, por isso, são “ignoradas” pela seleção natural. Ou seja, a natureza tende a selecionar as qualidades do individuo que o ajudam a sobreviver até a fase reprodutiva, e não aquelas que determinam uma velhice mais saudável. Por isso, do ponto de vista da evolução, a longevidade não trás vantagem alguma.
Alguns cientistas defendem que a ciência deve colocar todos os instrumentos possíveis a serviço do objetivo de estender a vida e retardar o envelhecimento, mesmo que o ser humano não tenha sido planejado para isso. A medicina do século XX identificou e eliminou as causas das doenças infecciosas, o que, junto com uma serie de mudanças no estilo de vida, como trabalhos menos pesados, ajudou a aumentar a media de vida da população. A medicina do século XXI procura a solução para as doenças vasculares, o cancer, as patologias degenerativas e as inflamações crônicas, males que acometem com freqüência pessoas idosas. A engenharia genética promete ser a chave para a cura dessas doenças e para a ampliação do limite da longevidade humana. Já se conseguiu localizar e modificar o gene que determina a longevidade em ratos. Em experimentos, o tempo de vida desses animais foi aumentado em 30%. Os pesquisadores acham que no futuro será possível fazer o mesmo com os seres humanos.
Na semana passada, o medico Nir Barzilai, do Instituto para Pesquisas do Envelhecimento, da Escola de Medicina Albert Einstein, nos Estados Unidos, divulgou o resultado de um estudo feito com 300 pessoas com cerca de cem anos e seus familiares. Os velhinhos entrevistados tinham hábitos sedentários e não faziam nenhuma dieta especial que justificasse a vida prolongada. A explicação é puramente genética. Barzilai diz ter descoberto um genes responsável por 18% da longevidade dessas pessoas centenárias. Segundo ele, empresas farmacêuticas dos Estados Unidos já pesquisam remédios que atuam sobre esse gene, retardando o envelhecimento.
Não faltam interessados em patrocinar o sonho da longevidade. Nos Estados Unidos, o bilionário John Sperling, empresário do setor de educação, fundou um instituto para desenvolver técnicas que aumentem a longevidade humana. Sperling, de 77 anos, decidiu que, quando morrer, sua fortuna de tres bilhões de dólares será destinada a esses estudos. As pesquisas com clones humanos divulgadas na Coréia do Sul no mês passado, que devem permitir a produção de tecidos para transplantes, também poderão ser usadas para aumentar a longevidade, ou pelo menos para fazer com que as pessoas tenham uma velhice mais saudável.
Fonte: revista Veja de 3 de março 2004

Nada como um dia atrás do outro, porque, como já vimos, “Uma comissão da Universidade Nacional de Seul, na Coréia do Sul, concluiu que o cientista coreano Hwang Woo-Suk falsificou dois relatórios considerados revolucionários na pesquisa das células-tronco de embriões humanos, mas teria sido capaz de produzir o primeiro clone de cachorro do mundo.O cientista coreano era considerado um herói na Coréia do Sul e ganhou vários prêmios e financiamentos do governo para as suas pesquisas. No entanto, ele agora foi contestado pelos próprios colegas da Universidade Nacional de Seul e, acusado de ter fraudado duas das principais descobertas de Woo-Suk, entre elas, uma técnica para criar células-tronco adaptadas sob medida ao DNA do receptor." Ele enganou a comunidade científica e o público em geral", afirmou o diretor da comissão que investigou as pesquisas de Woo-Suk, Chung Myung-Hee.
A promotoria coreana agora deve iniciar uma investigação criminal contra Woo-Suk, que não é visto em público desde o fim de dezembro.
Na época, ele insistiu ter descoberto a tecnologia para criar células-tronco sob medida. A técnica poderia abrir caminho para a cura de diversas doenças degenerativas.”
Fonte: BBC Brasil

Aubrey de Grey, gerontólogo biomédico da Universidade de Cambridge, acredita que a primeira pessoa que viverá até os mil anos de idade já nasceu, e disse no encontro que reparos periódicos no corpo, utilizando células-tronco, terapia gênica e outras técnicas, podem chegar a conter completamente o processo de envelhecimento.
De Grey argumenta que, se cada reparo durar 30 ou 40 anos, a ciência avançará o suficiente até a data da próxima "manutenção" para adiar a morte indefinidamente - um processo chamado por ele de estratégias para a senescência mínima engenheirada.
Suas idéias radicais são criticadas, porém, por outros especialistas na área, como Tom Kirkwood, diretor do Centro de Envelhecimento e Nutrição da Universidade de Newcastle, que as considera não mais que um exercício de raciocínio.
Kirkwood afirmou que o processo de envelhecimento humano é intrinsecamente maleável, ou seja, que a expectativa de vida não é uma coisa predefinida, mas os pesquisadores apenas começaram a compreender como ele funciona.
O objetivo não é simplesmente prolongar a vida, mas prolongar o tempo de vida saudável, algo que já começa a acontecer, já que as pessoas com mais de 70 anos levam vidas mais ativas que as gerações anteriores.
Jay Olshansky, da Universidade de Illinois em Chicago, está convicto de que a longevidade e a saúde vão avançar lado a lado, e que retardar o envelhecimento significará retardar o aparecimento de doenças como câncer, mal de Alzheimer e problemas cardíacos.
Mas, para entender a fundo a biologia do envelhecimento, será necessário um grande investimento. Olshansky e seus colegas pediram ao governo norte-americano que injete 3 bilhões de dólares na área, alegando que os benefícios de obter um atraso de sete anos no processo biológico de envelhecimento supera de longe os ganhos que seriam conseguidos com a eliminação do câncer.
Em termos éticos, o prolongamento da vida é polêmico, e certos pensadores afirmam que ele vai contra a natureza humana. Mas para John Harris, professor de bioética da Universidade de Manchester, qualquer sociedade favorável a salvar vidas tem o dever de endossar a medicina regenerativa.
"Salvar vidas é nada menos que adiar a morte", disse ele. "Se é certo e bom adiar a morte por um breve período, não dá para entender como seria menos certo e bom adiá-la por períodos mais longos”.

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